Enquanto o país ainda se recuperava das últimas tragédias em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, mais uma notícia deixou o país em comoção nesta segunda-feira (11). Aos 66 anos, o jornalista e comentarista Ricardo Boechat morreu na queda de um helicóptero. Ele deixa mulher e seis filhos.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o acidente foi causado após a aeronave bater na parte dianteira de um caminhão que transitava em um dos acessos da Rodovia Anhanguera. A estrada liga a capital paulista ao interior do estado.
Sem saber que seria o último programa que gravaria ao vivo, Ricardo Boechat comentou, na manhã desta segunda-feira (11), no programa “Café com Jornal”, sobre as tragédias que ficam impunes no Brasil. Entre elas, o jornalista citou o rompimento da barragem de Brumadinho.
“Como é quando tem uma notícia engraçada? Ria. Se ela te comover? Comova-se. Já fiz o jornal da Band de sandália havaiana. Sempre fui um estudante horroroso. Eu era sofrível como estudantes em todas as disciplinas, menos em parte da disciplina de Português que incluía redação. Tem um clichê que procura aproximar as figuras do jornalismo televisivo de divindades. Quê que isso? Para aí, meu amor. Dá para ampliar?”
“A culpa está no campo da Vale, no campo da fiscalização, no campo do Legislativo, e a cumplicidade, por isso, está no Judiciário, que de Mariana para cá pouco fez para dar efetividade às punições, às sanções, sabendo-se que coisas como essa produziriam punições significativas no campo penal contra os executivos, no campo penal contra os fiscais corruptos e omissos, no campo político e também penal contra legisladores cúmplices e corruptos, talvez não tivéssemos agora esta quantidade assombrosa de mortos em Brumadinho.”
Além de ser um profissional que cobrava das autoridades as respostas para os problemas do país, Boechat também tinha um jeito irreverente e engraçado. Em uma entrevista ao Pânico na Band, em março de 2017, o jornalista esbanjou sua simplicidade habitual.
Filho de um diplomata brasileiro, Ricardo Eugênio Boechat nasceu em 13 de julho de 1952, em Buenos Aires, na Argentina. Atuou em alguns dos principais veículos de comunicação do país, como “O Globo”, “O Dia”, “O Estado de S. Paulo”, “Jornal do Brasil” e foi comentarista no “Bom Dia Brasil”, da TV Globo.
Boechat foi um dos mais premiados jornalistas brasileiros de todos os tempos. Durante sua trajetória, venceu o “Prêmio Esso”, principal premiação do jornalismo brasileiro, em três oportunidades. Ele era apresentador do Jornal da Band e da rádio BandNews FM, além de colunista da revista IstoÉ.
Por meio de nota, o presidente Jair Bolsonaro disse que “o país perde um dos principais profissionais da imprensa brasileira". "Sentiremos a falta de seu destacado trabalho na informação da população, tendo exercido sua atividade por mais de quatro décadas com dedicação e zelo".
O presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre, comunicou que recebeu com consternação e tristeza a notícia da morte de Ricardo Boechat. Segundo ele, o profissional era reconhecido pelo trabalho e senso crítico aguçado revelado nos principais meios de comunicação do país.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli também lamentou a morte de Boechat. Por meio de nota, ele disse: "A imprensa e a sociedade brasileira estão em luto pela perda desse excelente profissional que, com dinamismo e versatilidade, levava a notícia aos públicos mais diversos”.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que “o silêncio de Boechat será eloquente e sentido em todo o país, porque ele fazia a crítica séria e necessária que caracteriza o bom jornalismo, e é tão necessário para a democracia.”
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